Amamentar, no patriarcado, é um ato subversivo

Na amamentação o seio tem função nutricional, ele é uma fábrica de leite que serve para alimentar um bebê, e, no patriarcado, este talvez seja um dos poucos momentos (senão o único) em que uma mulher consegue dar uma função que não seja sexual a esta parte do seu corpo que é extremamente erotizada. Na relação mãe-bebê que envolve a amamentação nenhum homem está sendo sexualmente beneficiado e portanto, amamentar, no patriarcado, é um ato subversivo

E por isso, o ato de amamentar nunca é visto como algo que é: o ato, bastante altruísta, de oferecer a si para alimentar um bebê. Um seio aleatório, desnudo ou insinuado num decote é belo e desejável mas o mesmo seio alimentando uma criança é reprovável, tomado por indecente ou repugnante. Mulheres são rechaçadas, tolhidas, insultadas, coagidas a se esconder enquanto amamentam, são expulsas dos lugares públicos, incitadas a se cobrir como se tivessem realizando algum ato obsceno. 

A amamentação, no quanto, quando e como mulheres podem aleitar seus filhos, quase sempre foi um tema decidido por homens, que controlam e tutelam o corpo da mulher desde os primórdios da humanidade, levando em conta seus interesses econômicos e sexuais. Hoje temos índices bem insuficientes de aleitamento porque a ordem do dia é o enriquecimento da indústria alimentícia que produz leite artificial e mulheres precisam brigar pelo direito de aleitar. 

Homens, em geral, não apoiam suas companheiras na longa e dura jornada que é a amamentação: as deixam abandonadas na tarefa ou pressionam pelo encerramento precoce para ter de volta o objeto do seu prazer. Outros ainda transformam a amamentação da mulher num fetiche.

A amamentação de mulheres tampouco é apoiada pelo Estado, não há informação em quantidade e qualidade suficiente para as mulheres sobre amamentação. Mitos proliferam minando a confiança da mulher na sua capacidade de amamentar. Na maternidade, bebês são afastados da mãe assim que nascem contrariando a orientação de mamar na primeira hora de vida e recebem leite artificial. Os profissionais estão mal preparados e não conseguem orientar adequadamente as puérperas sobre como amamentar. A indústria alimentícia financia um poderoso lobby junto aos profissionais de pediatria para que estes sejam seus porta-vozes e engrossem o discurso do desmame substituindo ou complementando leite materno por leite artificial, ou iniciando uma introdução alimentar precoce.

A licença-maternidade oferecida pelo Estado, de apenas 120 dias, não cobre satisfatoriamente o período de amamentação exclusiva de 180 dias indicado pela OMS. Muitas creches se recusam ou não estão preparadas para manipular o leite materno enviado pela mãe para alimentar seu bebê quando esta retorna ao trabalho. São necessárias campanhas públicas para incentivar e garantir o direito ao aleitamento materno.

Nós sabemos o que é necessário para estabelecer uma amamentação bem-sucedida: tempo, espaço, recursos materiais, informação. O que não entendemos é que nada disso acontece porque não é do interesse de uma sociedade patriarcal que mulheres tenham autonomia sobre seu corpo, que dediquem-se na medida que julgam adequado aos seus filhos. Mulheres são reféns das decisões dos homens sobre seus corpos, e qualquer reivindicação que exija maior autonomia não pode ignorar o fator “patriarcado” da equação”

Até quando amamentação será um assunto dos homens?

Agosto Dourado e voltamos às campanhas e ao debate em torno da amamentação. Debate esse que gira invariavelmente em torno da “conscientização” das mulheres sobre a importância de amamentar seus filhos, e aí entram vários argumentos sobre benefícios de saúde para o bebê e também para a mãe, e também um universo bastante rico de informações no sentido de orientar mulheres para realizar essa tarefa. E isso seria muito bonito se a amamentação na nossa sociedade não fosse um privilegio de classes mais abastadas e também mais do mesmo na lógica patriarcal da exploração do corpo da mulher. Até quando amamentação será um assunto dos homens?

E para entendermos melhor essas afirmações tão polêmicas que eu trago assim logo de cara, é importante a gente conhecer pelo menos um pouco sobre a história da amamentação desde sempre.

A importância do leite humano como alimento imprescindível para sobrevivência de bebês sempre foi compreendida desde a pré-história quando perceberam que oferecer alimentos alternativos era infrutífero. No entanto nem sempre foi considerado importante que a amamentação fosse realizada pela mãe da criança

Apenas na antiguidade acredita-se que mães amamentavam seus filhos livremente, e corrobora com isso muito da mitologia que conhecemos até hoje, onde Deusas de diferentes panteões aparecem realizando essa prática, além de registros diversos. Já no Império Romano (que acabou em 476 DC) há registros do uso da figura da “nutriz”, que era uma mulher — escrava — cuja função era amamentar crianças. A famosa “ama-de-leite”.

Por séculos, existiu a “indústria da nutriz”, onde todos (pobres e ricos) se utilizavam da mão-de-obra de uma outra mulher (primeiro escravizada depois “contratada”) para amamentar os filhos. Com a Revolução Industrial, onde todo mundo foi parar nas fábricas, criação dos centros urbanos como conhecemos, atomização da família e principalmente o avanço das tecnologias de nutrição infantil a indústria do leite em pó veio acabar com esse nicho de mercado, transformando as nutrizes em “babás” e fazendo desabar as taxas de amamentação ao redor de todo mundo. Agora mulheres eram convencidas de que até leite condensado era melhor que o seu próprio leite e que ela deveria ser “livre” (para trabalhar na fábrica e enriquecer a indústria, no caso).

Aí vem a pergunta que não quer calar, e que quase ninguém lembra de fazer: por que mulheres pararam de alimentar seus próprios bebês, entregando a outras mulheres, se esta é uma atividade relativamente natural e consequente ao parir? Simples, porque HOMENS assim o decidiram já que:

a) lactantes demoravam a engravidar novamente e ter muitos filhos era estratégico, porque a mortalidade infantil era altíssima e crianças eram patrimônio dos pais (trabalhadores braçais, se meninos, ou parideiras para vender em casamento, se meninas).
b) no início do advento do cristianismo, lactantes eram constrangidas a não fazer sexo e os homens queriam transar.

Então a amamentação de crianças pela mãe era um péssimo negócio para homens já que sua esposa ficava envolvida numa tarefa que poderia durar anos, sem produzir novos bebês e com pouca disponibilidade – e permissão religiosa – para transar.

Atualmente, pesquisas comprovam a amamentação como estratégica para o melhor desenvolvimento dos bebês e a tarefa passa a ser reincorporada como uma boa prática, agora a encargo das próprias mães.

E aí você pensa, uau, finalmente! Evoluímos hein! Só que claro que não, se a gente olha para nossa história para aprender alguma coisa, a lição que temos aqui é: alimentação de bebês sempre foi uma coisa pensada e decidida por homens e imposta às mulheres sobre diferentes artifícios. Mulheres nunca tiveram autonomia sobre seus corpos, e, principalmente, a importância e a maneira como é realizada alimentação infantil sempre esteve ligado muito mais a fatores econômicos do que pensados realmente no bem-estar de crianças e mulheres.

E é nessa hora que eu te convido a pensar junto comigo, sem emoção, sobre esse tema.

O que acontece agora é que os principais problemas foram superados: lactantes já podem transar sem culpa e também não vão engravidar por isso. E homens entenderam que bebês bem amamentados se tornam adultos mais fortes, inteligentes, saudáveis e com mais longevidade. Entenderam que isso é um bom investimento a longo prazo.

E do mesmo jeito que mulheres foram convencidas que deveriam entregar seus filhos para nutrizes e depois que deveriam dar leite em pó para seus bebês, agora estão sendo convencidas sobre como ela deve assumir a tarefa da amamentação . Porque é um “ato de amor”, um “dever”, que é “bom pra sociedade”. Dizendo (muito sutilmente, claro) que se você não amamenta, você não ama seu filho, não quer o melhor para ele. Romantização na veia. A velha fórmula não muda.

E aí, é preciso ver com clareza qual a mulher escolhida pelo sistema capitalista para que amamente essas crianças que serão os adultos premiados do futuro. Quais são os bebês selecionados para uma existência mais saudável e com menos risco de adoecimento. E para descobrir eu sugiro um experimento simples: coloquem a hastag #smam em qualquer mídia social e observem bem as fotos. O que você vê? Mulheres brancas com acesso a bens econômicos e culturais.

Porque a amamentação e saúde de bebê para longo prazo, não é para todas as pessoas. Muito menos para a camada mais pobre da classe trabalhadora, quase toda formada de pessoas racializadas e pobres. Essa população precisa estar economicamente ativa alimentando a indústria do leite em pó, enquanto um outro grupo mais privilegiado, que tem raça e tem classe definido vai poder fazer valer o uso de todas as recomendações preconizadas pela OMS.

Ou você espera que uma mulher proletária, salário mínimo, chefe de família, quase sempre com mais de um filho, com nenhuma rede de apoio, com apenas 120 dias de licença maternidade, amamente por 6? Como? Com uma lei que te dá dois intervalos de apenas meia hora durante o período laboral para a amamentar? Com oferta mínima de creches para deixar o bebê? Com pediatras que orientam introdução alimentar aos 4 meses de idade com danoninho?

Como nós vamos falar sobre “livre demanda” com essa mulher? Quando ela passa facilmente 12 horas fora de casa? Sobre “confusão de bicos”? Quando diversas outras pessoas se encarregam de alimentar o bebê nesse período e ela perde completamente o controle do processo? Vamos dizer para ela “ordenhar” e “conservar” o leite? De que mulher estamos falando que consegue fazer isso? Aquela mulher que trabalha na fábrica, que trabalha o dia inteiro em pé na loja do shopping, que trabalha atrás de um balcão, no painel de um atendimento telemarketing?

E aí você pode argumentar: “mas os países com maior taxa de aleitamento são países muito pobres da África ou do Oriente Médio”. São sim, e quando você vai olhá-los na lupa quase sempre descobre que quase todos são países minúsculos que serviram como laboratório das campanhas da ONU. Ou você acha que se realmente houvesse vontade política de incentivar o aleitamento nós teríamos apenas 34 países (incluindo o Brasil) cumprindo a recomendação da Organização Internacional do Trabalho (OIT) de conceder ao menos 14 semanas de licença à mãe com remuneração não inferior a dois terços dos seus ganhos mensais?

Com quem estamos falando quando dizemos que o recomendado é que o bebê seja amamentado até os dois anos de idade? Quem é essa mulher que consegue fazer isso? Quais condições de VIDA são necessárias para isso que não flertam com privilégio de raça e classe? Ou que sejam apenas uma conjunção de perrengue e sorte?

Quão cruel é jogar essas campanhas no colo de uma mulher pobre que se chicoteia intimamente porque “não conseguiu amamentar” quando ela não teve informação, apoio e teve que voltar a trabalhar para sustentar a família? Por que ficamos falando apenas sobre amor e saúde e nunca sobre sobrevivência?

Ou vamos admitir finalmente que realmente não interessa nem um pouco a saúde de crianças pretas, pardas, pobres. Que ninguém se importa se elas se alimentam de mingau de fubá, se ficam subnutridas, adoecidas, se morrem. Porque pobre é exército de reserva mesmo, e o que mais tem no mundo são pessoas pobres, não é mesmo? E ninguém se importa com a subjetividade da mulher proletária, dane-se que ela sabe que Mucilon não é o melhor para o seu bebê, porque veja, finalmente ela está informada, mas é só aquilo que ela consegue prover, com culpa, com medo. Já que essa mulher está o tempo inteiro lidando com viver ou morrer, literalmente, e está o tempo inteiro fazendo redução de danos. Nunca escolhas.

Mais uma vez a decisão sobre quem amamenta e que bebês serão nutridos está nas mãos dos homens, e mulheres estão fora do debate e das decisões e políticas que impactam diretamente a autonomia do seu corpo e a saúde dos seus filhos.

Para um política verdadeiramente honesta sobre o tema, a amamentação é focada em saúde para todos os bebês e não só os que são estratégicos ao capital. E mulheres são chamadas ao debate e não chantageadas emocionalmente. E recebem todas as condições materiais para que possam realizar a tarefa para o qual estão sendo convocadas.

E por condições materiais eu falo da ampliação da licença maternidade para o mínimo de 6 meses segundo as recomendações da OMS assim como um “auxílio-lactação” pelo mesmo período para que toda mulher pobre, sem renda, não precise entregar seu filho com 30 dias na mão de terceiros e ir trabalhar. É preciso falar em ampliação da assistência de creches para que se possa deixar outros filhos durante o dia, enquanto dá assistência ao recém-nascido. É preciso uma ampla rede de assistência ao parto e ao puerpério, com profissionais de apoio à amamentação fazendo visitas domiciliares, orientando e acompanhando essa mãe. É preciso ampliação da licença parental, para que haja uma outra pessoa apoiando essa mulher nas demandas domésticas. E aí sim, dadas as condições para que qualquer mulher, de qualquer raça ou classe, que queira, possa amamentar, podemos falar em orientação, conscientização, incentivo, apoio.

E isso falando apenas de uma via completamente reformista.

Pensando de maneira revolucionária, pra começar, mulheres precisam retirar essa decisão da mão dos homens. Que ainda que não o façam diretamente hoje, a conduzem através das pesquisas científicas, das invenções industriais, das leis, das normas e diretrizes de saúde, das campanhas. Homens que instrumentalizam mulheres desde sempre para prestação de serviço ao sistema patriarcal e capitalista.

Precisamos tomar esse debate para nós e fazê-lo nos nossos termos, pensando juntas qual o papel que como mulheres e mães queremos, podemos e precisamos realizar, num grande pacto social. Isso significa construir coletivamente sobre qual o custo (mental, emocional, psicológico, financeiro, físico), da amamentação para nós. Pensar no lugar do nosso corpo nisso tudo. Combater essa estratégia de romantização da amamentação que é uma clara estratégia para culpabilizar e responsabilizar mulheres pela nutrição de seus bebês.

E pensarmos, juntas, nós, mulheres. Porque são muitas as questões e poucas as respostas construídas através do acúmulo do nosso olhar e das nossas experiências de mulher: e fazer isso desapaixonadamente, sem coerções emocionais.

Como a nutrição adequada de bebês deve ser gerida por nós enquanto sociedade? E como nós, mulheres, seres que somos capazes de realizar essa tarefa, queremos estar neste contexto? Esse é um lugar completamente diferente e libertário para pensar amamentação. Algo inédito e que ainda não foi feito de verdade: do ponto de vista das mulheres.

E sim, mulheres podem amar amamentar, está liberado também. Porque para muitas é uma experiência bonita e repleta de beleza num vínculo muito especial com a criança. E mais uma vez isso não tem a ver com maternidade. Mulheres amamentam, seus filhos e os filhos de outras mulheres. A experiência subjetiva de cada uma é particular e incomunicável.

O importante é a consciência de que potência não é obrigatoriedade. Que amamentar não é ato de amor, é ato de política pública de saúde. Que tem uma função estratégica importantíssima: garantir cidadãos de plena saúde e vigor para construir a sociedade. E ser nutrida deve ser um direito universal de todas as crianças, e não só das que podem pagar por isso. E amamentar deve ser um direito das mulheres, que devem conduzir esse debate como pessoas estratégicas nessa função, como sujeitos e não como objetos eternamente instrumentalizados para cumprir os objetivos dos homens nesse mundo capitalista e patriarcal.

20 dicas importantes sobre amamentação

Dicas importantes sobre amamentação, reunidas especialmente para você, com um compilado do principal que você precisa saber.

1. O leite não desce imediatamente

O primeiro líquido que vai sair do seu peito (e que já pode estar saindo desde o final da gravidez), na verdade se chama COLOSTRO. Ele é um líquido rico em anticorpos e leucócitos, vitamina A, que protege contra infecções e alergias, previne doenças oculares, entre muitos outros benefícios. O colostro também é laxante e ajuda o bebê a expulsar o mecônio e a prevenir icterícia. É importantíssimo pro sistema imunológico do recém-nascido e funciona como sua primeira “vacina”.

aspecto do colostro
aspecto do colostr

2. A apojadura é dolorida

O colostro continua a ser secretado até mais ou menos 3 dias após o parto e durante esse período acontece a APOJADURA: a preparação da mama para a produção efetiva do leite, com a dilatação de toda sua estrutura. É normal, nesse período, haver alguma dor e desconforto, e as mamas ficarem inchadas e quentes. É importante não confundir os sintomas da apojadura com a mastite que evolui para um quadro infeccioso de febre alta e dor intensa ou empedramento das mamas.

3. É normal o bebê chorar desesperamente

Em até 3 dias, com a apojadura, o leite começa a descer. É normal o bebê chorar desesperadamente, não é fome. É adaptação ao planeta-terra mesmo. Também é normal que o bebê acorde toda hora para mamar. Não é porque você não está produzindo leite o suficiente e sim porque o estômago dele ainda é muito pequeno e ele precisa mamar aos poucos, muitas vezes. Não há necessidade de complementar o leite.

o tamanho do estômago do bebê
o tamanho do estômago do bebê

4. O formato dos mamilos não interfere na amamentação

A apojadura pode ser um processo desconfortável e a abertura dos poros do mamilo na descida do leite também pode ser dolorida. O formato dos mamilos não interfere na amamentação, o bebê não abocanha o mamilo e sim a auréola inteira. Se o seu bebê estiver abocanhando somente o mamilo significa que a pega está incorreta e isso pode machucar o seu seio.

amamentação

5. Procure ajuda se a amamentação demorar a se estabelecer

Se APÓS esse período de até uns 3 ou 4 dias a apojadura não ocorrer ou você sentir que a produção do leite não estiver se estabelecendo é recomendável que se procure ajuda especializada. O ideal seria ter acesso a consultores de amamentação, mas na falta destes, pediatras que tenham uma conduta primeira de apoiar o aleitamento podem ajudar. No geral, é uma questão de checar se a pega está correta, se o bebê está mamando em livre demanda, se o bebê consegue sugar bem e seu reflexo de sucção está bem estruturado. Toda mulher, quando bem orientada, tem possibilidade de amamentar, mas SIM, há mulheres que tem dificuldade para produzir seu leite por n fatores sejam físicos, emocionais e psicológicos. Mulheres que não conseguem produzir leite existem e precisam de orientação, apoio e acolhimento.

6. Amamente em livre demanda

O que vai ajudar no sucesso do estabelecimento da amamentação é a orientação sobre como o processo funciona, para que se tenha calma para passar pelos primeiros dias. Há diversos grupos de apoio na internet com diversas informações. É uma adaptação muito difícil, de muito choro do bebê e da mãe, dor, desconforto, insegurança e descobertas. O ideal é que a mãe tenha sossego para ficar com a cria amamentando em livre demanda. Sem horários, sem restrições de tempo. É o bebê amamentando que dá o “sinal” pro seio que ele tem que produzir leite. Quanto mais ele sugar, mais chance da produção engrenar. Então estabelecer horários para mamadas não é uma boa recomendação.

7. Observe se a pega está correta

Outro segredo fundamental para estabelecer uma amamentação bem sucedida é a pega. Uma mamada eficiente acontece quando o bebê consegue sugar adequadamente o seio. Se isso não ocorre o bebê pode ficar lá pendurado por um longo tempo mas não estar se alimentando direito. Aí o choro continua e a mãe entra em desespero achando que seu leite está “fraco” ou é insuficiente. Outro problema da pega inadequada é o risco de fissuras e hipersensibilização do mamilo, causando dor, sangramento e muito sofrimento para a mulher continuar a amamentação.

pega correta

8. Busque posições confortáveis para amamentar.

Bebês não nascem sabendo realizar a pega. Cabe à mãe observar e corrigir sempre que necessário puxando o queixo da criança levemente para baixo para que ela se encaixe corretamente no seio. Também é importante observar uma posição que facilite a pega para o bebê e permita que a mãe fique confortável. Você vai passar bastante tempo fazendo isso.

posições para amamentar

9. Cuidado com mastite e empedramento

Nos primeiros meses (os 3 primeiros aproximadamente) da amamentação o nosso corpo ainda não sabe que quantidade de leite deve produzir. Por isso é comum os seios ficarem cheios e transbordando e o excesso de leite pode causar episódios de mastite e empedramento. É importante manter a atenção sobre isso e observar para que as mamas sejam sempre esgotadas. Em caso de início de empedramento, massagens e jatos de água fria ajudam a reverter o processo.

10. É normal o seio murchar depois de um tempo

Depois dos primeiros 2 ou 3 meses o peito automaticamente ajusta sua demanda ao que o bebê precisa e passa a produzir o leite à medida que o seio é sugado. É normal, portanto, que os seios desinchem e as mães tenham aquela primeira impressão de que “o leite secou”, mas isso não aconteceu. O leite continua sendo produzido, só que agora em um processo automático quando o bebê suga.

11. O indicador da amamentação eficaz é o peso do bebê

O melhor indicador se a amamentação está bem sucedida é o ganho de peso de peso e o crescimento do bebê. Isto se acompanha com visitas mensais ao pediatra que vai pesar e medir a criança. Peça para anotar a evolução na própria caderneta de vacinação que possui uma tabela de curva de peso e crescimento. O importante é que essa curva apresente crescimento contínuo, mesmo que discreto.

12. O jeito do beber mamar muda

Bebês passam por mudanças que tem a ver com o próprio desenvolvimento que afetam o jeito que dormem, que se alimentam, podendo ficar mais demandantes ou até simplesmente quererem deixar de mamar.

13. A mãe não precisa fazer restrição de nenhum alimento

Não há nenhuma pesquisa conclusiva que indique a necessidade de restrição alimentar durante o período de amamentação. Afirmar que determinados alimentos causam gases ou cólicas no bebê é bastante inconclusivo e rodeado de mitologia. Os únicos casos indicados de dieta para a mãe são no caso do bebê apresentar alguma alergia como no caso do APLV.

14. Não precisa beber mais água do que tem vontade

Amamentar dá muita sede e o principal elemento formador do leite é água, mas a mulher não precisa se obrigar a beber água para além da sua vontade. Também não há nenhum estudo conclusivo que indique que o aumento do consumo de água ou chás interfira no aumento da produção do leite.

15. Sossego e tranquilidade são importantes

Por outro lado, o estado psicológico/emocional da mãe pode sim afetar a amamentação. Mães em DPP precisam de amor, atenção e apoio reforçado para passar por esta etapa.

16. Mamar também é amor

Para o bebê, mamar não tem só aspecto nutritivo, mas também emocional e afetivo e é normal que peçam peito por outras coisas que não fome, como medo, dor, angústia, consolo, etc. Não é “manha”, é o recurso que eles para autoregular-se.

17. O leite é o principal alimento até o 1 ano de vida

Até o 1º ano de vida o leite materno é o principal alimento do bebê. É normal que ele ainda queira mais mamar do que comer.

18.O desejado é que se amamente até os 2 anos de idade

A OMS recomenda aleitamento exclusivo até os 6 meses de idade do bebê e complementar até os 2 anos.

19. Amamentar cansa

Amamentar é exaustivo e sacrificante. É normal, às vezes, ficar de saco cheio.

20. Cuidar de um bebê é um ato de amor. Amamentar é nutricional.

E o mais importante: cuidar de um bebê é um ato de amor, amamentá-lo é um ato nutricional que sim, também envolve muito amor, ou não. Há mulheres que amamentam (porque querem e conseguem) e fazem com muito prazer, outras fazem detestando profundamente a tarefas. E há mulheres que não amamentam, conscientes da sua decisão, e tudo bem por isso também.