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Da mãe que queremos ser

Existe uma distância – considerável – da mãe que queremos ser para a mãe que conseguimos ser. E talvez por isso, toda mulher-mãe em algum momento (ou quase sempre) já se sentiu incompetente enquanto mãe. Perceba o peso dessa palavra: “incompetência”. Não ter competência de. Não ser capaz de. Toda mãe em algum momento (ou quase sempre) já se sentiu incapaz. Será que estamos olhando pro que fazemos ou pro que acreditamos que deveríamos ser feito? E aquilo que acreditamos que deveria ser feito, porque a mídia disse, a família disse, o blog disse. É possível? É realmente possível ser essa mulher-mãe com tantas competências?

Nessa hora em que nós sentimos aniquiladas porque não ticamos todos os itens do check list das nossas expectativas é preciso um pouco de generosidade. Generosidade com nós mesmas. Que é tão difícil de nos oferecer porque fomos ensinadas a sempre dar e nada receber. Porque aprendemos que verdadeira e boa mãe sempre se sacrifica.

É importante sermos generosas com nós mesmas para podermos contemplarmos sem chicote na mão os resultados que conseguimos obter. Que estão ali na nossa frente. Tirar um pouco o foco de tudo que ainda não fizemos e admirar com orgulho aquilo que conseguimos fazer.

Porque somos mulheres, humanas e limitadas. E a maternidade, ao contrário do que apregoam, não dá super poderes. Não nos torna divinas. E o custo de dar conta de tudo é alto demais. Pra qualquer um. Porque é preciso uma aldeia pra cuidar de uma criança e via de regra nos sobra fazer tudo sozinha. Não dá.

A sociedade capitalista cria problemas o tempo inteiro para a maternagem para vender as soluções. A maternidade é a única função possível que o patriarcado nos ofereceu e ela tem que ser cumprida à risca segundo seus parâmetros. Mulheres são treinadas para vigiar umas às outras e a competirem incessantemente pelo posto de melhor esposa, melhor mãe, mulher mais bonita.

Aceite com generosidade e orgulho aquilo que você consegue oferecer ao seu filho. Se dê algum crédito. Tem uma sociedade inteira de dedos apontados querendo te colocar nesse lugar de angústia, dúvidas e incertezas. Há toda uma máquina que lucra com seu medo. Há toda uma socialização que te empurra para esse lugar de achar que toda a responsabilidade pela criação de um filho é sua, que faz você sentir culpa o tempo inteiro. Que faz você dar mais do que realmente pode. Te faz infeliz. Tem gente plantando expectativas para lucrar com tuas frustrações.

Olha pra tua cria com o amor que você tem pra dar, que é o que você tem, e acolhe a ti mesma com o abraço carinhoso que certamente tua cria pode te ofertar. Acolhe a ti mesma, mulher. Aceita a mãe possível que tu és. O mundo já é duro demais para nós.

Cila Santos

https://cilasantos.medium.com

Escritora, feminista, mãe e ativista pelos direitos das mulheres e das crianças. Criadora do projeto Militância Materna, falo sobre feminismo, maternidade e infância, disputando consciências por um mundo melhor. Vamos juntas?

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