Meu menino e o mar
Desde bebê seus olhos brilham de encantamento, quando engatinhava pela areia buscando as ondas. Eu seguro sua mão. Pequena. A água chega. Molha meus pés, nossos pés. Ele se joga. É o meu menino e o mar.
Ele não tem medo do mar. Segura firme em minhas mãos e deixas as ondas arrebentarem no seu corpo, engole a espuma, o sal, engasga e ri. Eu o amparo com o coração aos pulos mas não há nada a fazer, exceto deixá-lo descobrir. Ele se sustenta, busca o equilíbrio, vai aprendendo o mar.
Ele não tem medo mar. As ondam surgem gigantes e ele pede mais. Quer ir mais fundo, acha que já sabe nadar. Eu peço a ele que respeite aquele gigante. O que me resta senão ensiná-lo a temer a grandiosidade do oceano? Senão segurar forte em sua mão para que a correnteza não o leve? Senão mostrar como se manter de pé, como reconhecer o perigo, como não ir longe demais?
Eu o seguro firme mas deixo-o livre o bastante para experimentar a potência daquela arrebentação. Para que ele possa se deixar levar. Cair e levantar. Eu o ajudo a se manter de pé e peço para que se acalme quando seus olhos ardem, quando a respiração falta. Eu o tiro de lá para que não fique cansado demais.
Mas um dia ele será grande o bastante, forte o bastante. Maior que eu. Do tamanho do mar. E irá desbravar aquelas águas sem precisar de mim. Ele irá para o mar com a paixão que tem pela vida, por aquele sol, por aquele azul. Ele nadará, vencerá a correnteza e conhecerá mais. Um dia ele não será mais o meu menino. E dele será a vida. E o mar.