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Mulheres aprendem que devem sexo. E homens aprendem a cobrar.

Mulheres aprendem que devem sexo e homens aprendem a cobrar. Falamos sobre assédio, estupro e abuso, tentamos buscar maneiras de ensinar nossas meninas a se defender mas muitas vezes ignoramos que vivemos em uma cultura que organiza a relação entre homens e mulheres com base na compulsoriedade sexual onde meninos aprendem que podem – e devem – tomar sexo para si no momento que desejarem e mulheres que negam podem ser coagidas.

Falamos sobre assédio, explicamos, mas falamos sobre consentimento em bases incompletas, fazendo parecer que basta dizer “sim”. Não dizemos que o “sim” não é suficiente se ele for obtido em bases coercitivas, se for para agradar, se for para não ser importunada, se for para obter alguma vantagem.

Não falamos abertamente para mulheres que elas têm direito absoluto de sentir desejo de fazer sexo. Tesão. E que tem direito a não fazer sexo quando não estão com vontade. Que quando fazemos algo sem desejo não é consentimento é concessão. E ceder não é consentir. Cedemos por muitos motivos e homens se especializam em manipular, chantagear, subornar, ameaçar, coagir mulheres até que elas cedam. E não se importam com o real desejo da mulher, apenas querem que elas cedam e então chamam hipocritamente isso de consentimento. E mulheres, sem saber que têm direito a ter vontade, assumem a culpa por envolver-se em uma relação de abusividade nas quais são puramente vítimas.

Falar sobre assédio é falar sobre recusa. Sobre direito a mulheres recusarem qualquer tipo de abordagem, de proposta, de presença masculina se assim desejarem. De não serem coagidas a serem receptivas, simpáticas, amáveis, com quem não estão dispostas a ser. Sobre poderem dizer não e sair de uma interação a qualquer momento, não importando se em algum momento ali elas também quiseram ou desejaram.

Meninas precisam aprender a conhecer os mecanismos da socialização que a deixam expostas a manipulação masculina. Precisam fortalecer-se para fazer valer sua recusa e também para poder participar de interações amorosas e sexuais de maneira saudável, não-hierarquizada. Que possam flertar em paz, sem isso significar um sinal verde para que sejam violadas.

Cila Santos

https://cilasantos.medium.com

Escritora, feminista, mãe e ativista pelos direitos das mulheres e das crianças. Criadora do projeto Militância Materna, falo sobre feminismo, maternidade e infância, disputando consciências por um mundo melhor. Vamos juntas?

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